A humanidade moderna é capaz de feitos tecnológicos impressionantes: máquinas cortam rochas maciças, blocos de pedra de várias toneladas são transportados com facilidade, aviões realizam milhões de voos diariamente e foguetes levam seres humanos ao espaço. Diante de tais avanços, surge uma pergunta intrigante: existiriam indícios de que civilizações antigas já dominavam tecnologias semelhantes há milhares de anos?
No Egito, a cerca de 32 quilômetros ao sul do Cairo, encontra-se Saqqara, local onde está a famosa pirâmide de degraus do faraó Djoser — a mais antiga do país, com mais de 4 mil anos. Considerada o cemitério mais antigo da região e conhecida como “Cidade dos Mortos”, Saqqara abriga inúmeros achados arqueológicos. Em 1891, arqueólogos franceses descobriram ali um túmulo que continha os restos de um oficial do século III antes de Cristo, além de diversos objetos, entre eles um pequeno modelo de madeira com formato semelhante a um pássaro. Ao lado, havia um papiro com a inscrição “Eu quero voar”. O artefato foi encaminhado ao Museu do Cairo, onde foi exposto junto a outras figuras de aves.
Por décadas, o objeto passou despercebido, até que, em 1969, um egiptólogo notou que o modelo apresentava características incomuns. Apesar de lembrar um pássaro, com olhos e bico, suas asas possuíam um formato diferente do habitual. A parte central era mais espessa, com elevação acentuada, afinando-se nas pontas — um desenho semelhante ao das asas aerodinâmicas modernas. Além disso, o modelo possuía uma estrutura traseira que lembrava um leme, algo que as aves reais não têm, pois não necessitam desse tipo de controle para voar. Essas observações levantaram a hipótese de que o objeto não representaria um pássaro, mas talvez uma máquina voadora ou um protótipo de avião.
Em 2006, o especialista em aerodinâmica Simon Sanderson construiu uma versão ampliada do chamado “pássaro de Saqqara”, cinco vezes maior que o original, para testar sua capacidade de voo. Os resultados foram surpreendentes: o modelo funcionava como um planador eficiente, apresentando um design comparável ao utilizado em aeronaves atuais. A única limitação observada era a ausência de um leme ou estabilizador de cauda, componente essencial para manter o equilíbrio durante o voo. Com esse ajuste, o pássaro poderia realmente voar.
No entanto, restava um desafio: como os antigos egípcios teriam lançado um planador? Atualmente, os planadores modernos dependem de aviões rebocadores para atingir altitude. Alguns pesquisadores sugerem que os egípcios poderiam ter utilizado catapultas ou sistemas de propulsão semelhantes aos empregados hoje por entusiastas de aeromodelos. A questão, porém, permanece em aberto — de onde teria vindo tal conhecimento técnico?
Curiosamente, a milhares de quilômetros dali, nas florestas e montanhas da Colômbia, descobertas arqueológicas despertam perguntas semelhantes. No início do século XX, exploradores encontraram, nas margens do rio Madalena, um cemitério com cerca de 1.500 anos, pertencente à civilização pré-colombiana dos Tolima. Entre os objetos funerários, havia centenas de pequenas estatuetas de ouro, muitas representando animais, como peixes e insetos. Entretanto, algumas delas apresentavam formato triangular, com fuselagem, asas e estabilizadores verticais — traços que lembram aeronaves modernas.
As semelhanças eram tão notáveis que, em 1997, dois especialistas alemães em aviação decidiram construir uma réplica em escala ampliada de uma dessas figuras, adicionando apenas motor e trem de pouso. O resultado surpreendeu: o modelo decolou com sucesso, revelando um design aerodinâmico funcional. Para os pesquisadores, seria improvável que tal forma fosse mera coincidência, já que as esculturas datavam de cerca de dois mil anos.
Esses achados, vindos de regiões tão distantes e de civilizações sem contato conhecido entre si, levantam questões intrigantes. Como povos antigos poderiam ter concebido objetos com princípios aerodinâmicos tão precisos? Seriam frutos de experimentação, simbolismo religioso, ou representações de algo que realmente viram?
Alguns teóricos sugerem que esses artefatos poderiam ser representações de máquinas voadoras reais, talvez observadas por civilizações antigas e interpretadas como objetos divinos ou de origem celestial. Textos e registros históricos de diversas culturas mencionam deuses que “voavam pelos céus” ou “desciam em veículos flamejantes”, o que alimenta a hipótese de que civilizações do passado teriam testemunhado fenômenos que lembram a aviação moderna.
Embora as explicações científicas ainda sejam debatidas, o “pássaro de Saqqara” e as figuras de ouro da Colômbia continuam a intrigar arqueólogos, engenheiros e curiosos em todo o mundo. Esses objetos, pequenos em tamanho, mas grandiosos em mistério, desafiam a compreensão sobre o real alcance tecnológico das antigas civilizações e mantêm viva a pergunta: o quanto realmente sabemos sobre o passado da humanidade?


